quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Divulgado local para realização da prova do ENADE

Nesta quinta-feira (22/10/09) foi divulgado o local onde faremos a prova do ENADE.
Para consultar, clique
AQUI, e saiba onde você estará ás 13h no domingo do dia 8 de novembro.
Eu tive sorte, estarei na Azenha em PoA!
Abraço e boa sorte!
Leonardo Goellner

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Direito Penal; Lia Pires

Tem gente que o odeia; tem gente que o admira. Confesso; eu o admiro; talvez o odiasse se fosse autor ou membro do MP, mas eu o admiro; ainda sou estudante.
Colegas, li esta reportagem no jornal Zero-Hora sobre o famoso e "admirável" advogado criminalista Oswaldo de Lia Pires.
Vale a pena ler, mesmo aos colegas que não gostam do Direito Penal.
Abraço,
Leonardo Goellner

Lia Pires : Os 90 anos do leão dos tribunais

Acomodado na pesada cadeira do escritório da Avenida Borges de Medeiros, a bengala encostada à parede como um objeto dispensável, Oswaldo de Lia Pires, 90 anos recém-feitos, brilha os olhos miúdos quando lembra o julgamento que inocentou o médico e deputado Antônio Dexheimer.

- Foram três dias de bate e bate. Brabo, danado. Uma repercussão extraordinária, até no estrangeiro - entusiasma-se.

Quando é perguntado se teria algo a revelar, 20 anos depois da morte de Daudt, os olhos que o tempo não embaçou demonstram a sagacidade que caracteriza um dos maiores advogados criminalistas da história do Estado. O defensor de Dexheimer no julgamento, no Pleno do Tribunal de Justiça do Estado, fita o interlocutor, simpático como um avô aos domingos, e afirma serenamente:

- Não, não tenho nada.

Não se espere revelações do doutor Lia Pires, mas uma conversa apaixonada sobre as lides do Direito. Em 1990, quando Dexheimer foi julgado, efeitos via computador eram raridade. Pois o mestre Oswaldinho - como é chamado entre os pares - inovou. Para provar aos desembargadores que uma testemunha não dizia a verdade, que jamais poderia ter visto o matador da posição onde estava, apresentou a cena do crime por meio de computação gráfica. É um recurso similar ao tira-teima que as TVs usam hoje nos jogos de futebol para apurar se o atacante realmente estava impedido no momento do gol.

- Foi a primeira vez que aconteceu no Brasil. Foi recomendado nos Estados Unidos depois - ressalta.

Durante dois anos e oito meses, Lia Pires esteve imerso no Caso Daudt. Recebeu dezenas de cartas e telefonemas sobre quem seria o verdadeiro assassino. Eram delírios, palpites furados ou despistes. Preparou-se à exaustão, sabia que enfrentaria um dos maiores desafios na carreira iniciada em 1940. Resultado: 14 x 7 votos a favor da absolvição de Dexheimer.

- Fiz o que podia fazer. Eu era uma fera, não brincava em serviço - lembra.

Advogados costumam apor o Dr. na fachada dos escritórios, para valorizar a profissão e impressionar a clientela, mas o doutor parece inato ao Lia Pires. No julgamento de Dexheimer, ele poderia ter se valido dos colegas de banca, como o irmão, Célio (já morto), mas preferiu enfrentar os acusadores só.

- Fiz tudo. A defesa foi feita por mim - conta.

Um totem na advocacia, Lia Pires diz que não sente as nove décadas bem vividas, mas adaptou-se às limitações que a idade impõe. Parou de jogar golfe, ao menos por enquanto, assim como havia deixado de montar a cavalo para jogar pólo por recomendação médica. Não se acha um craque, mas informa que "jogava como gente grande". Os adversários temiam sua especialidade, o draw: a bolinha segue reta, depois vira à esquerda, surpreendente como a sustentação oral do criminalista nos júris.

No momento, enquanto está distante dos tacos e dos gramados, Lia Pires exercita-se quatro vezes por semana numa academia de ginástica. Na intimidade, ao ser tratado de Vaduca, é o gourmet que assa um costelão nas brasas e prepara ambrosia. Na casa, na Capital, mantém o recanto Picolla Cantina, das boas comidas e dos vinhos, a preferência é pelos copiosos tintos.

A fama e o dinheiro - e os dois sempre andaram juntos generosamente - permitem hábitos refinados. O doutor Oswaldinho gosta de automóveis clássicos, como os dois Mercedes na garagem. Freqüenta Punta del Este, onde tem um apartamento na praia Brava, aprecia a brisa gelada do Oceano Atlântico.

- É lá que gosto de descansar e de jogar golfe.

Pessoas longevas podem sofrer infortúnios que subvertem a lógica da vida. Lia Pires perdeu uma filha e três netos, dois deles abatidos pela violência no trânsito. Mas não esmoreceu, jamais interrompeu a advocacia, sua paixão.

O doutor Oswaldo está "sempre disposto a qualquer grande causa", mas admite que reduziu o ritmo no atacado dos processos judiciais. Justifica que é para repartir com os colegas de banca: os sobrinhos Flávio Barros Pires, 45 anos (filho de Célio), Luiz Augusto Pires, 46 anos, Flávio Ordoque, 28 anos, e o neto, Gustavo, 27 anos. Do clã Pires, pelo menos 12 - entre sobrinhos, netos e sobrinhos-netos - se dedicam a profissões ligadas ao Direito.

Quando pedem que defina seu estilo, Lia Pires volta a faiscar os olhos no pequeno e afável rosto. E não tarda a responder:- Um leão. Sem temor de coisa nenhuma.

Memória do mestre
Em um dos casos em que Lia Pires atuou, julgava-se um sapateiro. Todos os dias, um jovem passava pela sapataria e despejava um palavrão. Foi morto a tiros.


Lia Pires começou a defesa oral repetindo quatro vezes a saudação:
- Excelentíssimo senhor juiz, presidente destes trabalhos.
O juiz, irritado, o interrompeu. Lia Pires disse:
- Veja bem, excelência. Eu o elogiei quatro vezes e o senhor ficou irritado. Imagine se o senhor ouvisse um palavrão todo dia.


O réu foi absolvido.